sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Caçadas em Metangula II


Por Artur/Leiria (15683)

Vamos a elas! Anos belos!... Anos belos!... Com certeza que muitos de vós, Escolinhas, se devem lembrar daquele Sargento Artífice Condutor de Máquinas na capitania, alto, magrinho (mais ou menos como o Carlos era na altura), só que, caramba, o Carlos era mais bonitão!

Este SARGE (como os americanos dizem) era mesmo maluquinho pela caça! Não quero dizer que o Leiria não o fosse e é, também!?

Noites sem conta, lá íamos de espingarda às costas, à procura dos porcos-bravos pretos (tipo javali) para as áreas dos campos de milho situadas do outro lado da baía, só que a nossa sorte, por já alguns dias, ia fazendo parte do dia que há-de vir.

Mais tarde, venho a saber que a razão porque os bicharocos não apareciam era porque o nosso SARGE, era um fumador de primeira, e estes bichos são/eram alérgicos ao fumo, mesmo a quilómetros de distância, a qual o SARGE de maneira nenhuma poderia aceitar como acertada teoria.
Todavia, se não fosse a maluquice pela caça, isto teria sido bem ou mal de pouca dura... Certa noite, levamos connosco, penso, o Parreira (alentejano) a quem, como doença que rói, estava a ficar também com o vício do gatilho.

Por sinal nessa bendita noite, estava eu e o Sarjolas (p m) sentados na borda de um dos lados da palhota, construídas a uns 2 metros do chão, para os “machambeiros” pretos secarem e protegerem os milhos dos nossos pretendidos bichos.
Conversávamos baixinho; gozando o ambiente espiritual próprio de caçador, numa noite resplandecente de luar com o Parreira sentado também, mas a sós, na outra face da palhota.

Estávamos nós, super descontraídos, quando inesperadamente, atravessam, trotando majestosamente, dois enormes bichos mesmo ali à nossa frente, que nem sequer tivemos tempo para pegar nas espingardas?!

Contudo, o compincha Parreira, estava mais do que atento, do outro lado da palhota, cheio de entusiasmo talvez, pela nova aventura que se ia desenrolando aos seus olhos?! Manda-lhe dois fogachos, os quais levantaram uma nuvem de poeira mesmo por detrás deles, que, se estes falassem, teriam dito: “abre…, pernas para que te quero…?”

Já se vê que, ainda hoje sempre que me lembro, dá-me para rir! Direi até, chorar de rir!...

Simplesmente: “Um relembrar vivo duma tão saudosa vivência!”


6 comentários:

Valdemar disse...

A caça é neste país o paraíso dos caçadores... Os Coelhos por exemplo introduzidos pelos ingleses são hoje uma praga e "os farmistas" até agradecem se houver voluntários para os ir abatendo... A uns 50/60 Kms. daqui basta uma manhã com uns quantos furôes e haverá coelhos para dar e vender... As tocas extendem-se de uma propriedade a outra e por vezes lá se perde um furão mas sem dúvida um dos passatempos preferidos dos nossos emigrantes aqui "em Down Under".
Valdemar Alves

Edum@nes disse...

Histórias dos tempos de nossa passagem por terras de África. Que antes de conhecer fazia uma ideia diferente do que na realidade eram. Pensava eu quando embarquei para Moçambique, que iria encontar o fim do mundo. Afinal pior do que isso já eu vivia. Apenar das circunstância, como hoje, falo de certo modo com algumas saudades dos tempos que por lá andei. Não quero com isso dizer que apoiava o regime, pelo contrário lutava como muitos outros contra ele.
Voltando a falar das caçadas do nosso amigo Artur Leiria, segundo ele relata no seu artigo.
Como conhecedor de inumeras caçadas em Angola, devo dizer que eram bastante divertidas, das quais tenho algumas histórias que só vistas.
Voltando agora a falar de Metangula e Lunho, onde passei parte da minha comissão de serviço como militar, devo referir que as caçadas nessa zona do Niassa, eram para esquecer, devido à situação de insegurança vivida ao tempo em que estive acantonado no Lunho, de Janeiro a Maio do ano de 1965. Pouco meses depois foi colocada em Nova Coimbra, a companhia de cavalaria 754 (sete de espadas), à qual pertenceu Joaquim Agostinho.
Tendo o seu comandante capitão Caçorino, no entroncamento a seguir a Maniamba, que dava para Metangula, em frente e à direita para Nova Coimbra, sofrido uma embuscada da qual resoltou ter ficado cego.
No comando da companhia foi substituido por um oficial, tenente, que segundo diziam os elementos daquela companhia era maluco. Ao ponto de ele planear a sua deslocão acompanhado de mais dois ou três subordinados seus para o Lunho, durante a noite para uma caçada. Foi por causa desta e de outras situações que muitos jovens militares perderam a vida.
Um dia numa deslocação de Nova Coimbra para Metangula, por causa da sua esperteza perdeu a vida. Tudo por causa de não pretender ir sentado, em vez do banco do Unimog, num saco de areia que servia de banco, por causa das minas, que eram nossas inimigas.
Um abraço, e bom fim de semana
Eduardo.

Tintinaine disse...

O Parreira de que falas é o Vitor (Cabeças por alcunha) alentejano da Vidigueira.
No ano passado, com muito custo, consegui fazê-lo ir até Montemor para encontrar a malta. Mas quer-me parecer que foi a primeira e última vez.

António Querido disse...

Esses bixinhos não me lembro de ter visto, agora Gazelas, pacaças e os corvos que eram servidos no rancho da porca em Cobué, não esquecerei nunca, esse teu camarada "Sorja" certamente não treinou tiro na Escola de Fuzileiros, se tivesse sido disparado pelo nosso camarada (falecido) Tenente Saltão, não daria tempo para os bixos levantarem poeira, como não falhava as balas certeiras de G3, no meio dos olhos dos crocodilos, belos tempos!

Valdemar Marinheiro disse...

Valdemar aqui nos tempos em que na minha aldeia os coelhos eram muitos tivemos um cão filho de rapozo que levava a que o meu Pai um fraco atirador fosse de longe o melhor caçador. Mataram-nos o cão por envenenamento (Raiva) e o meu Pai, também arranjou um Furão o mesmo que os outros caçadores já tinham. Ele entrou dentro da Lura, nunca mais saíu, certamente comido por alguma cobra. O Furão era proibido e dava pena de prisão. Há quase sessenta anos o meu Pai teve de pagar um balúrdio ao dono dele. Nunca mais tentou usar de novo o Furão. Quando bebiam o sangue dos Coelhos ficavam lá até lhes passar a bebedeira.
O Sorjas companheiro do Artur pertencia à minha classe. Péssimo atirador.

Observador disse...

Pois é meus Amigos, isto é para me fazer inveja? é que já fui caçador, e a «peça» de caça maior que apanhei foi um pardal, no meu sitio mais conhecido por pardal telhado.
Um abraço
Virgílio