terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DITOSA BRIOSA, SETEMBRO DE 1961!


Nota: Ora, é sabido que duma maneira geral, logo os artigos frescos sejam lidos, passam estes a fazer parte dum espólio semi-esquecido, lá bem para o fim, ou antes, o princípio do blogue e, como o nosso povo fala e bem: “Longe da vista, longe do coração”; quero, desta maneira, trazer alguns artigos por mim previamente publicados, para bem perto da vista, para que perto fiquem do coração. Doutra forma este blogue pouco terá a ver com Fuzileiros embora escrito e lido por eles.    
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Setembro de 1961, do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu, com 17 tenros anos de idade, aspirante a aluno-marinheiro, vim de lá, duma terrinha dos lados de Leiria e, para que a sobrecarga dos meus pais mais leve se tornasse, lá fui à procura da tão Ditosa Briosa!

Depois de inspeccionado, como todos descalço até ao pescoço, e apurado, lá fui, destino ao barbeiro, melão, ou antes cabeça a rapar, e, logo de seguida, direitinho ao paiol da farda. Farda de cotim cinzenta, que mais parecia de alumínio, própria para maçaricos; cuecas que ficavam em sentido, ao colocá-las direitas sobre a cama! Uma boa forçada ‘banhoca’; logo uma farda a vestir. Notei então, que não era mais meu, mas sim propriedade da Marinha…! Pronto!

Vejo-me ao espelho ao ver os meus novos colegas, filhos-da-escola! Vejo-me neles ao vê-los a eles! Pois éramos e sentíamo-nos iguais - bem acinzentados de cor!

Trocamos palavras, perguntas foram feitas, respostas dadas, exclamações e interjeições vociferadas! Sei lá... Sei lá... Um sem número de coisas com entusiasmo faladas e discutidas… No fim lá íamos, cantando e rindo…!

Lembro vozes de comando por todo o lado. - “Oh mancebo anda cá, forma aqui ao lado deste, alinha por aquele, para a frente marcha: 1, 2, esquerdo-direito; 1, 2, esquerdo-direito.” Era o sargento monitor a começar mais uma, entre muitas recrutas já dadas. - “1, 2, esquerdo-direito…” Lá fomos, virados a Vale de Zebro, Escola de Fuzileiros para iniciarmos toda a instrução inerente aos fuzileiros!

Belos tempos a recordar…! Belos tempos…!

4 comentários:

Observador disse...

Recordar é viver, como diz o Poeta, mas estas recordações estão sempre vivas apesar dos anos que já passaram, nem sempre boas, pois em especial a Recruta não era para brincadeiras, e depois havia aqueles Instrutores que nos tratavam abaixo de cão, e aí no meu caso é que ficava pior que estragado, mas também os havia que falavam e nos tratavam como Gente felizmente, apesar de tudo o que fica hoje são as boas recordações, só assim se explica a ligação que existe entre todos os que frequentaram essa Escola de Vida.
Um abraço
Virgílio

António Querido disse...

São recordações que morrem conosco, não é ARTUR?
Ao descreveres o começo de um Fuzileiro, desta maneira fizeste-me recuar no tempo, e desejar que tudo recomeçasse de novo, os monitores mais exigentes, são para esquecer, peço desculpa ao VIRGÍLIO, mas ainda bem que te livraste da recruta do exército, ou Comandos, não estive lá, mas ouvia falar!

Edum@nes disse...

Os instrutores e monitores da Marinha, segundo dizem tinha boa formação. Quanto aos do Exército, os menos graduados, eram muitas das vezes os mais exigentes, esta palavra não está correcta. Eram os mais "estúpidos", porque não tinham formação para lidarem com seres humanos.
No dia 6 de Maio de 1963, apresentei no BC8, em Elvas. Um dia após o almoço um cabo miliciano, na ausencia do comandante de pelotão, que era Furriel, mandou-me fazer cambalhotas, tendo eu entidido que as não faria. Entretanto, ouve troca de algunas palavras entre mim e ele. As quais foram interrompidas com a chegada do comandante do pelotão, que perguntou o que se estava a passar. Prontamente respondi, dizendo que tinha recusado fazer as cambalhotes, que me tinham sido ordenadas pelo cabo miliciano.
Resultado, quem manda e, humanamente, sabe mandar. Era dia de calor, veio mesmo a calhar. Mandou-me o Comandante à sombra sentar. Dizendo para o cabo miliciano, que quem dava as ordens era ele, portanto, doravante só faria o que ele mandasse fazer.

Tintinaine disse...

Ah, a farda de alumínio!
Eu perdia-me dentro dela de tão fininho que era!
63 kilos apenas!
Até disso tenho saudades!