terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Desenrasca-te Manel...

O diploma que não existia


...oOoOoOo...
Cinco dias depois de se ter refugiado em Paris, em Julho de 1964, Manuel Alegre escreveu ao cunhado, António Portugal, marido da irmã, e fez-lhe um pedido:
- "Preciso urgentemente dos meus documentos universitários, inclusive as cadeiras feitas e respectivas classificações. Junto do meu padrinho tenho possibilidades de completar o meu curso. Seria óptimo se 'arranjassem' as coisas de modo a que o certificado dissesse ter eu o 3.º ano completo."
A seguir, juntou um alerta contra a PIDE:
- "Será conveniente que esses documentos venham por mão própria, para esses filhos da puta não os roubarem no correio."
Manuel Alegre não concluiu o 3.º ano de Direito, daí o uso de aspas no verbo "arranjassem".
A carta, manuscrita, foi interceptada pela PIDE e está arquivada na Torre do Tombo, tal como uma transcrição dactilografada pela polícia política.
A ficha curricular de Manuel Alegre, guardada no Arquivo do Departamento Académico da Universidade de Coimbra, indica que o poeta concluiu o 1.º e o 2.º ano de Direito, mas quanto ao 3.º ano apenas regista aproveitamento na disciplina semestral de Direito Fiscal.
Esteve inscrito também em Economia Política, a cujo exame faltou, e nas cadeiras anuais de Administração e Direito Colonial, Finanças e Direito Civil - mas não as concluiu.
Confrontado com esta questão, há um mês, numa entrevista dada à SÁBADO sobre outros aspectos da sua resistência ao salazarismo, Manuel Alegre respondeu que não se lembrava de ter feito um pedido ao cunhado sobre este assunto.
Questionado sobre se, tendo em conta que não continuou o curso por ter resistido à ditadura, acharia natural pedir para lhe passarem o diploma como se tivesse o 3.º ano completo, Manuel Alegre respondeu:
- "Não, de maneira nenhuma. Nem tinha sentido, nem eles passavam. Então passavam a uma pessoa que é exilada? Não tem sentido nenhum. Não me lembro nada disso. Nem tem sentido."
Nessa entrevista, o candidato mostrou--se ainda convencido de que tinha concluído o 3.º ano do curso:
- "A memória que eu tenho é que tenho o 3.º ano de Direito e que estava a fazer cadeiras do 4.º ano."
Esta semana, confrontado com a informação oficial da Universidade de Coimbra (segundo a qual apenas completou uma cadeira do 3.º ano), Duarte Cordeiro, director de campanha do candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda, disse que Manuel Alegre mantinha a resposta dada há um mês.
O candidato às presidenciais de Janeiro entrou na Faculdade de Direito em 6 de Novembro de 1956, e a sua última avaliação tem data de 19 de Março de 1964. Estes sete anos e meio foram marcados por uma intensa actividade contra a ditadura, nas lutas estudantis, durante o serviço militar em Mafra e nos Açores, e na guerra colonial em Angola, onde esteve preso cinco meses. Quando voltou a Coimbra sentiu-se vigiado em permanência:
- "Os gajos da PIDE não me largavam. (...) Percebi que estava arrumado e que, mais dia, menos dia, ou ia para a cadeia ou teria de ir embora do país", conta no livro Uma Longa Viajem com Manuel Alegre, escrito por João Céu e Silva. Na mesma página, diz que não completou o curso e sublinha:
- "Nem o quis fazer por via administrativa."

É isso; povo humilde e honesto:
Na política!? Só encontramos gente desta!
Grande traidor e trafulha desonesto...!
Mas na hora derradeira da verdade;
De forma alguma, jamais, caio nessa.

5 comentários:

Tintinaine disse...

Não há dúvida que conseguimos reunir o melhor do melhor que o país tem para dirigir os destinos deste desgraçado jardim à beira-mar plantado!

António Querido disse...

Estamos F......e mal pagos com tantos trafulhas!

Valdemar Marinheiro disse...

Para o caso isso nem seria o mais importante, apesar de ser grave. Já estaria ele nesse tempo a beneficiar das novas oportunidades. Quando já passaram ministras e como a da Educação que em três meses nos Estados Unidos tirou uma
Licenciatura e lhe dá direito ao Dr. (Doutora).
Mau, mau ou melhor péssimo demais, é o que este fulano juntamente com Cavaco Soares e tantos se calhar já são muotos milhares, o mal que tem feito ao País e ao Povo português e que todos eles juntos nos depenaram e lavam as mão como Pilatos.
Mas por muitos, se calhar até somo ainda uns beneficiados e só deveriamos merecer muito pior.
( Como diziamos: - fodidos, mal pagos e enrabados a sangue frio) Não todos mas uma boa parte. Aqueles que continuam sempre a querer mais do mesmo, optando sempre pelas farinhas do mesmo saco.
Por mim sei em quem não voto dia 23 e se acaso o Candidato em quem vou votar não alcançar a 2ª volta, não voto em nenhum dos fulanos do aparelho e que tanto mal já me fizeram.
Mas eu só sou senhor do meu voto, mas felizmente ainda me posso lamentar sem sofrer graves repercussões, já que alguma sofro por não querer alinhar com o aparelho e dar voz à minha voz em prol de uma sociedade, mais justa e mais fraterna, onde o amor tenha lugar priveligiado a interesses materiais e pessoais.
O meu comentário não é de um político, mas de um cidadão inconformado com o rumar dos aconteci,entos e para o pantâno a que caminha o nosso/meu querido Portugal.

Edum@nes disse...

Alegres, muitos já temos
Trafulhas outros tantos
Presidentes não os queremos
Andam muitos pelos cantos.

Licenciatura pouco interessa
Para o país mal governar
Andam todos com muita pressa
Para no Palácio de Belém entrar.

Todos mente sem parar
Só acusações sabem fazer
Não se cansam de apregoar
Mas só sabem prometer!

Outros, sem nada prometer
E licenciados não o são
Sem o povo os reconhecer
Nunca ao poder chegarão?

Seriam estes os melhores
Para Portugal governarem
Cortar abusos dos maiores
Para não mais explorarem.

Observador disse...

Este Alegre também me saiu um grande «melro», sobre as habilitações académicas não se lembra, recebe uma reforma por ter estado uns meses na Emissora Nacional, e diz que não reparou nos milhares de euros que lhe colocaram na conta, e eu a julgar que era esquecido, ao pé deste tenho memória de «elefante»
Um abraço
Virgílio