terça-feira, 18 de maio de 2010

Maleitas que me assolam - meu cabelo

Falando na terceira pessoa, hoje meus queridos amigos, deu-me para vos falar das minhas maleitas com a condição de que, se quereis ser meus amigos, deveis ler até ao fim. Maleitas mais cedo ou mais tarde, vão morar paredes meias com todos nós e o remédio para esse mal são batatas. Figas ao mafarrico, quanto mais tarde vierem, melhor…
Antes de desenvolver mais o assunto quero só lembrar-vos, porque sei que sabem, que praticamente tudo quanto se relaciona à evolução física, psíquica e até espiritual do corpo e mente humano, vou usar como exemplo, o “Rico Artur e as suas Marionetes”, o qual, como devem lembrar, era usual ver-se nas feiras para entretenimento da garotada e não só!
Passo agora a desvendar que, os RICOS ARTURES das feiras, não são mais nem menos do que as muitas GLANDULAS que habitam tudo o que é corpo de animal, e as MARIONETES, dependuradas nos cordeis da feira, são as suas filhas queridas - as HORMONAS.
Enquanto novas, o “show” da feira/corpo goza de um sucesso invejável, mas com o decorrer do tempo, e, por “ordem das coisas”, zangam-se as comadres (glandulas/hormonas) descobrem-se as verdades e passam estas a injuriar-se. Mãos à cabeça - aqui d’el-rei que nada mais bate certo, e para mal dos nossos pecados físicos, psíquicos e espirituais… há que se recorrer a tudo que se cognomina de sabichão de mezinhas, incluindo o deus-médico, vendedor de produtos sintéticos que o nosso corpo das Marionetes e dos Artures, não consegue reconhecer, ou psiquiatras que são mais do mesmo, ou então ainda, o senhor prior da aldeia, tentando levar-nos a bem, para o céu. Pratos limpos agora. Verdade?

Quanto à parte física: Geneticamente ao evoluirmos uns tornam-se altos, outros baixos; bonitos ou feios; fortes ou magros; e por fim na sua decadência, esta é mais rápida para uns e menos para outros. Isto entre tudo o mais, que se possa imaginar, desde a queda prematura do cabelo até a libido sexual, o qual se dissipa por causa das rasteiras que as marionetes nos vão pregando… Alguém dissera: tudo isto é a ordem das coisas; outros dirão: nada nasce, nada morre, mas tudo se transforma… Eu digo: são as hormonas, meus amigos...
Na parte psíquica: Temos os com garra ou sem ela; heróis ou cobardes; briosos ou desleixados; homem das mulheres ou não; empresários ou servidores etc., etc., e etc. e tal... Eu digo: são as hormonas, meus amigos...
E na espiritual: Existe os generosos ou sovinas; os crentes ou ateus; os amantes do próximo, ou os amantes do que o próximo tem etc., etc. Logo haja imaginação, é um nunca mais acabar de tais predicados!São as hormonas, meus amigos...
O meu cabelo. Eu, em subserviência à primeira pessoa, que tem agora a palavra, digo: das três partes componentes do meu corpo, a superior que é a cabeça, que não é de nabo, entenda-se, sofre da doença do tapete esfarrapado, certo que esta verdade dói para alguns de nós, mas não há que desanimar, porque dos carecas é que elas gostam, verdade? Mas aqui as minhas traiçoeiras marionetes/hormonas, por vaidade na idade da pujança com certeza, quiseram abusar da paciência do Rico Artur (este Artur não sou eu, simplesmente coincidência), ao arrastar-me para o excesso no que respeita ao arranjo visual para a conquista dos amores platónicos do então! Usando químicas/brilhantinas até dizer chega, que bem certo ajudaram a esfarrapar o tapete. Mas não vamos culpar só a brilhantina, que hoje nem existe, mas mais outras coisas que fiz; tais como excesso de lavagem com produtos não apropriados para o tipo de cabelo que tinha. Além disso o maldito stress uma doença moderna dos tempos de correria… além da possibilidade da influencia genética, entre outras, sem esquecer: as hormonas, meus amigos...

Hoje existem dois tipos de pessoas que não gostam o que as minhas marionetas fizeram ao meu tapete. É o meu barbeiro e, porque as sedas são raras, por mais que lhe peça para me fazer um desconto, diz que não pode, porque dá cabo dos olhos ao procurá-las!? Paciência! Morrer é pior, por isso há que aguentar!
A segunda é a minha mulher que diz, que era tão giro e que agora com uma penugem destas, e ainda por cima que lhe dou uma “carecada” de vez enquando, o que é que se pode esperar? E que ainda bem, diz ela, porque assim como ninguém me vai querer, fica mais descansada. Aqui afinal ao que parece, elas não gostam dos carecas, mas que grande contra-senso!
Não é que me importe hoje em dia muito com estas coisas, mas de vez enquanto lá vou ao espelho ver se este me está enganando. Olhem que até à data o gajo não tem jogado nada do meu lado… mas também não vou usar um martelo, porque ao que parece, os espelhos são todos do contra. Não mentem mesmo nada, carago! E tudo por causa das homonas, amigos!? 

..oOo...
...ao cabelo... 

São dois dias, esta vida
Não vale a pena chorar
Aceita-a como oferecida
Vive-a sempre bem vivida
Numa vivência de bem-estar

Com mais ou menos cabelo
É o ter saúde o que mais se estima
Lá porque só haja seda e pelo
Não haja no resto desvelo
Ela assim não nos fustiga

3 comentários:

Valdemar Marinheiro disse...

Para quem se lamenta que tem dificuldades em arranjar temas para manter o blogue, não está nada mal. Está excelente e prova a grande capacidade intelectual do autor (Artur este sim o Fuzileiro) com uma mente limpissima.
O meu cabelo, ainda cá mora e, diga-se bastante bom para a idade, para quem utilizou antes da brilhantina, a água com papas de açucar e as moscas a poisar e depois as brilhantinas, não me posso lamentar.
Uma passagem pelo espelho!!! Adoro os espelhos. São eles que tem grande responsabilidade na vitória há 23 anos do alcoolismo e posteriormente do tabagismo. São os meus espelhos que me levam a trocar de roupas e pentear-me e cortar ou fazer a barba diáriamente.
Quanto à esposa também partilha aquela de que agora já somos mercadoria fora do prazo de consumo. Mas contrariando-se ou não, cada vez é mais exigente no meu vestir e apresentação.
Isto é que é uma muenga!
Não vejo que a calvice traga desconforto, se calhar, porque não sofro dela, mas importante é que nos habituemos no dia a dia pedir um dia de cada vez, e nesse dia fazer por gostar cada vez mais de nós. Sabendo-se que quanto mais gostarmos de nós, mais, e só nessas condições nos é possivel gostar dos outros.
Recorre a uma postiça. Mas verdade que o que é natural é que é bom.
Só há uma coisa que os Cristãos dizem que Deus dá. Que Deus tira. E o homem compra.
Ou seja as Placas dentárias e os dentes que se vão colocando, quando se tiram.
Termino com um forte abraço. Se encontrares uma receita para o reimplantação do Cabelo, manda-a ao Tintinaine.(Brincadeira).

Piko disse...

Pelo que sempre me apercebi, regra geral é um desconforto para os homens, quando a calvície dá sinais de aparecimento precoce, porque em muitos casos, a partir dos trinta e poucos começa a "fuga"... É curioso, que há cavalheiros que têm até a preocupação de procurar esta e aquela justificação e estou a lembrar-me daquele, que, muito compenetrado, atirava as culpas do que lhe estava a suceder para o capacete que fora obrigado a usar na tropa, enquanto um outro estava convicto que fora resultado duma infância em que transportara à cabeça um sem número de coisas, mas em rigor eram justificações sem modo de comprovar...
Já nos anos oitenta, ouvi uma explicação de um médico, formado em medicina no trabalho, que, grosso modo, dizia, que isto acontecia e que era resultado da nossa masculinidade, porque se reparássemos, as mulheres não tinham o mesmo problema, salvo casos raros...
O amigo Leiria traz para cima da mesa a questão das HORMONAS, que no fundo vai ao encontro do que dizia o tal médico.
Não há volta a dar, mas não me custa a aceitar que as mulheres, as nossas mulheres, preferissem ver os seus homens com o cabelinho no sítio, porque imagino o desalento que seria de vermos o mesmo a suceder às mulheres, ou às nossas mulheres!... Prefiro o "castigo" aplicado aos machos e o mal já mora comigo, mas que se salve a beleza do elemento feminino...
A boa disposição e o RIR ajudam imenso o Homem!
Saibamos viver a recta final sorrindo... e por vezes de nós próprios, porque devemos ter a noção de que a imperfeição também cá mora!...
Um abraço fraternal para as gentes da NOSSA GERAÇÃO!
PIKÓ

Piko disse...

Fernando Pessoa, um dos maiores da nossa literatura, deixou-nos mais esta maravilha:

« Não há normas. Todos os homens são excepções a uma regra que não existe. »

PIKÓ