terça-feira, 26 de abril de 2011

Carta Aberta ao Estado

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Esta carta é dirigida a todos os responsáveis políticos do Estado português, nomeadamente ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, ao Governo, aos Líderes Partidários, ao Parlamento, aos Autarcas e aos Directores-Gerais de todas as Instituições Públicas.

Escrevo, na qualidade de cidadão e contribuinte português. Venho reclamar aos decisores políticos nacionais, para que sejam mais honestos, mais empenhados, mais atentos à realidade do país e que se preocupem em dar um rumo a esta nação. O Estado deve servir o país e não servir-se do país.

Estou consciente da crescente crise socioeconómica, mas verifico que os recursos humanos, materiais e financeiros estão subaproveitados em Portugal. Neste país, não há falta de dinheiro, há sim recursos muito mal distribuídos.

Não venho acusar o Governo que caiu. Constato que, desde a entrada de Portugal para a Comunidade Económica Europeia (CEE), Portugal tem desperdiçado os fundos comunitários, por ausência de planos rigorosos e de uma fiscalização presente e séria. No entanto, constato também que os últimos Governos são os que mais têm contribuído para o empobrecimento, o desemprego, a falência de empresas e os desequilíbrios sociais.
Quando Portugal entrou para a CEE, qualquer cidadão com dez ovelhas, ou um hectare de terra, tinha direito a um subsídio. Foi mal gasto muito dinheiro e não foram criadas estruturas sustentáveis, com futuro a médio prazo.
O objectivo dos Governos, na actual União Europeia, não é negociar boas cotas de mercado, mas sim conseguir mais subsídios e financiamentos. Em vez de se fomentar uma cultura de empreendedorismo, tem-se alimentado uma cultura de subsidiariedade.

Durão Barroso foi reeleito Presidente da Comissão Europeia e Portugal conduziu a Europa à assinatura do Tratado de Lisboa. No entanto, não sabemos defender os nossos interesses.
A Europa será forte, quando os todos países membros alcançarem o seu melhor potencial.
Como um dos países com maior área de influência marítima, Portugal tem uma fraca frota pesqueira e poucos recursos de vigilância em alto mar. O Estado dá alguns subsídios para comprar canas de pesca, mas não verifica se foram compradas, não ensina a pescar de acordo com a lei e não sabe negociar as cotas internacionais de pescado.
Somos o país com melhor Sol, mas temos uma agricultura decadente e chegamos a perder subsídios, por não apresentar candidaturas a tempo. Portugal tem um enorme potencial na pesca, na agricultura, nos lacticínios, no calçado, nas energias alternativas, nos componentes para a indústria, na comunicação e no turismo, entre muitos outros.

A globalização, a publicidade e o acesso à informação, têm criado uma sociedade irresponsavelmente consumista. Estamos mais informados, mas temos menos conhecimento. Não prescindimos dos últimos modelos de tecnologia, mas prescindimos de ter mais filhos. Há que voltar a implantar os valores familiares, evitar os excessos consumistas e não cair na tentação do facilitismo dos créditos privados.

Há uma crise de valores cada vez mais acentuada. A Europa afasta-se das suas raízes cristãs e dos respectivos valores, éticos e morais, Portugal incluído. O último Primeiro-Ministro é uma pessoa de pouca fé, sem visão e sem família a seu lado. Preocupa-se com a valorização da sua imagem e não com esta geração e com a seguinte. Nunca os valores da família foram tão destruídos e abalados, como no Governo do suposto engenheiro José Sócrates. Há necessidade de uma melhor educação e de acções de sensibilização que estabeleçam bases de uma nova geração. Há que ensinar a pensar.

A prioridade de muitas famílias é manter a imagem e o nível de vida, em detrimento de ter um, ou dois filhos. A Segurança Social deixou à muito de ser auto-sustentável. O Índice de Fertilidade dos portugueses é de cerca de 1,1, o que significa que a cada geração (25 anos) a nova população portuguesa decresce quase 50%. Serão os povos imigrantes, vindos de países com mais opressão e menos condições, que vão substituir o povo português! Há que insistir nos valores da família, nos relacionamentos e no convívio saudável. Frequentar espaços com a família e os amigos, ir para fora cá dentro, fortalece os portugueses e a economia nacional.

Os últimos Governos têm estado a matar Portugal: a nova lei da interrupção voluntária da gravidez já permitiu que fossem realizados mais de 63 mil abortos desde 2007; foi criada a lei do Testamento Vital que permite a uma pessoa, sem perspectivas de futuro, negar a utilização de máquinas de possam prolongar a sua vida; tem sido realizada a centralização dos Serviços de Saúde, fechando maternidades e centros de atendimento permanente. Nesta instabilidade financeira, foram reduzidos os apoios através do Abono de Família.

Os últimos Governos têm estado a roubar Portugal. Recentemente, o jornal “Diário de Notícias” fez um levantamento e concluiu que temos 13740 organismos públicos, dos quais só 1724 apresentam contas e apenas 418 são fiscalizados. As derrapagens e os desperdícios são aos milhões. O jornal “Correio da Manhã” lançou uma petição para riação de uma lei contra o enriquecimento ilícito. O Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, afirmou que o financiamento dos partidos assenta em étodos ilícitos, o que todos sabemos, mas nunca houve interesse em provar.

Os últimos Governos têm estado a destruir Portugal. Temos uma frota pesqueira decadente. Temos uma barragem no Alqueva, mas temos o Alentejo a secar no Verão. A visão de crescimento económico do Governo é lançar uma obra de mil milhões, em vez de mil obras de um milhão. Talvez venhamos a ter TGV e um novo aeroporto em Alcochete, mas os desequilíbrios sociais e económicos poderão ser cada vez maiores. Nunca houve tantas falências e empresas a fechar. Os Serviços Públicos de Saúde, Educação, Justiça e Trabalho são cada vez menos eficientes. Foi elaborado um novo Acordo Ortográfico que vem limar as particularidades, que traduzem a singularidade e a riqueza da língua portuguesa, com as influências dos povos que formaram a cultura lusa.

A actual conjuntura económica permite que as empresas cotadas na bolsa tenham atitudes anti-sociais e de grande injustiça, na busca do lucro fácil. Veja-se o exemplo da “Brisa” que, sem concorrência nas auto-estradas onde é concessionária, dispensou dezenas de trabalhadores das portagens, para os substituir por máquinas. Vejam-se os casos de administradores e presidentes executivos com remunerações imorais! Há que fazer leis que evitem as situações de injustiça flagrante. Sejam aplicados impostos equitativamente.

Os últimos Governos têm estado interessados em manter o poder, alimentando as suas máquinas partidárias, pelo favorecimento a grandes empresas e a amigos do partido. Há bancos com buracos de milhões e dinheiro em offshores.
Não há um projecto coerente e bem fundamentado para este país. Não se fazem estudos de viabilidade a sério. A actual conjuntura económica é global, mas os responsáveis são os actores políticos. Na falta de cortes na despesa pública, deixa-se aumentar o preço dos combustíveis, porque os impostos são proporcionais e enche-se de taxas o consumo de energia. Na ausência de um plano, aumentam-se os impostos. Os encargos sufocam a economia nacional. A hipocrisia dos sistemas financeiros abre espaço para a ditadura dos mercados e agências de rating. Há que investir na economia, para colher frutos.

Todos conhecemos empresas que fecharam. Todos temos amigos, ou familiares que enfrentam o desemprego. Neste momento, há muito portugueses a sofrer, sem dinheiro para pagar as contas e a acumular dívidas. Há situações de grande desespero.

Há que transformar Portugal. Não com extremismos, nem com ideias radicais, mas com a união de todos os portugueses. Acredito que, entre aqueles a quem é dirigida esta carta, há homens de valor, com visão, experiência e varonilidade para mudar Portugal. A sociedade civil deve também exercer os seus deveres de cidadania.

O PEC Man caiu, de barriga cheia. Espero que não venha outro. É possível mudar.
Peço a Deus para que levante o espírito dos portugueses e que nos dê sabedoria e ousadia.

24 de Março de 2011

Mário Carlos Dengues Baleizão

5 comentários:

Valdemar disse...

Dia 25 através da RTPi escutei os habituais (longos) discursos que sinceramente não vieram dizer nada de novo... Na minha opinião só com medidas radicais o nosso país mudará. Até lá e infelizmente Portugal irá se afundar ainda mais.

Observador disse...

Gostei da mensagem, está muito bem escrita e ponderada, o radicalismo não nos leva a lado nenhum.
Um abraço Virgílio

Valdemar disse...

Gostaria de poder concordar com o Virgílio mas infelizmente desde 1142 que todas as mudanças políticas na Terra do Viriato foram ao som de tambores... Acredito que nenhum português goste de radicalismos mas ao que tudo indica Portugal não se irá curar com simples injecções de penilicina pela simples razão de "o cancro lusitano" já estar, como todos nós sabemos, em estado avançado.

Unknown disse...

Precisamos mais gente com coragem e determinação para fazer o que este homem de espírito forte vai fazendo!
Contudo com políticos destes, possessos do demónio, a influência irá ser mínima. Pelo que parece é a “ordem do dia” pelo mundo árabe e não só, problema é que o nosso “X” na urna dos votos não mata. Mas os resultados, escolhidos pela gente dos brandos costumes, porque os não tem pretos, ainda, no seu lugar… Aí, como carneiros, a razão porque nos arrastamos para precipício da bancarrota monetária: sinónimo do desespero.
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Benditos sois vós que tão bem falais…
Bendita tão elucidativa mensagem…
Radicalismos horríveis são coisas tais!
Maldita política oh que engrenagem…!
Como ladrões, os políticos, vivem da pilhagem!

Votos de um bom dia.

Edum@nes disse...

Esta União Europeia é uma grande merda. Sempre pensei que a adesão seria bom para nós portugueses. Mas afinal o que eles querem é mamar à conta dos mais pobres.
Não nos trouxe nada de bom. Agora são eles que nos ditam as regras. Quanto a ajudar, fazem-no no sentido inverso. De futuro vamos viver pior, com a União, do que sem a União.
Porque vamos trabalhar para a senhora Anjela Merkel. como as provisões o indicam, iremos viver como no tempo da miséria de Salazar.
Não faz mal, comer a merda da democracia, dos socialistas, e de todos os outros partidos políticos, que só o que sabem fazer é merda.