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Como referi no artigo anterior, o facto de sermos bons trabalhadores cá fora e que dava para escrever livros, continuo na minha. Contudo, existem muitos livros de autores americanos e canadianos acerca da imigração, porém no que refere ao facto de sermos diferentes no estrangeiro não é debatido suficientemente, com certeza.
Além do que apresentei no artigo, existem mais razões porque somos assim cá fora. Vejamos:
Os continentais, os que nunca tiveram vida de invejar em Portugal, são dum extremo sentimentalismo que jamais esquecerão Portugal; por isso há que arrancar dinheiro custe o que custar, para voltar. Embora essa mentalidade gradualmente vá mudando, porque logo ao haver filhos procura-se por intuição enraizar-se mais à vida nova no novo país…, mas com Portugal sempre na alma.
Em contrapartida o ilhéu, oriundo de terras de sonho onde, uma aposentação lá extasiaria qualquer um, boa em todos os aspectos, nem assim, nem de maneira nenhuma, opta pelo regresso. Vendem tudo à primeira oportunidade! O que é Lamentável!
O pessoal minhoto é super ambicioso mas ao mesmo tempo impulsionador das nossas tradições! Onde só faltam fazer o clube “Pinto da Costa” porque o do Porto já há mais de 20 anos! O “cara…,” no seu vocábulo corrente tem exactamente o mesmo sentido a mesma ênfase como se fosse dito em Portugal.
- Com cara…, Sr. Sousa, você farta-se de ganhar dinheiro… era um aluno do norte a dizê-lo… no tempo, claro, em que os refugiados de Jeová emigravam de Portugal aos montões e que precisavam da carta de qualquer jeito! Belos tempos que não voltam mais.
Transmontanos; trabalham que nem galegos talvez porque o quase são. Bem enraizados com um máximo de solidez! Muitos, em que o dinheiro mora por lá, mas não o dizem a ninguém porque por natureza não se pavoneiam por causa da riqueza.
Bairrismo foi videira que deu uvas, porque agora com o venha a nós o vosso reino do pilim, clubes e fantochadas já se foram há muito, mesmo.
Os alentejanos povo unido entre eles onde a tradição é bem latente também, bem organizado com semanas culturais de se lhe tirar o chapéu! Fui membro por algum tempo do seu clube, impressionante que, desde o baile da ordem do dia, ginástica ritma, grupo coral, grupo de teatro, desportos ao ar livre abundam a granel!
Algarvios não conseguem resistir ao saudosismo, voltam todos para aquele talismã de terreno, encravado entre a serra e o mar, logo possam! Foram sempre menos que as mães, mas tiveram nos idos anos dos setenta um clube por estas paragens!
Os beirões muito em especial os litorais, são ambiciosos ao ponto de sacrificar a cultura e tradição portuguesa pelo dinheiro, se repararem nem clubes têm, talvez até nos outros países, como o povo de outras províncias se regozija em tê-los!
Se não fossem os beirões do Viriato não existiria a Casa das Beiras…, mesmo assim só eles visienses, a frequentam. O bairrismo dessa gente é contagiante!
Duma maneira geral somos todos trabalhadores; os do norte mais atreitos à construção; os do centro e sul mais virados para trabalho da indústria e comércio e muitos com os seus negócios próprios: o que é louvável sem dúvida!
Se houvesse um clima político que incentivasse ao investimento em Portugal, a intensidade na cultura portuguesa aqui talvez não fosse mais do que parcialmente seria de esperar. Dessa forma, que ninguém tivesse pena de Portugal porque a diáspora seria uma máquina incessante a mandar dinheiro! Não esquecer que são entre uns quatro a cinco milhões de portugueses e seus descendentes, a granjearem pelo mundo inóspito da diáspora… contudo, mesmo assim, são enviados centenas de milhões de dólares, dado de bandeja, a Portugal ao ano!
A lei do arrendamento foi a lei mais destrutiva, mais obsoleta que Portugal jamais teve, muito em especial aos olhos dos emigrantes portugueses. Lei que travou o investimento por dezenas de anos em Portugal! Contudo outras leis hoje suplantam a deplorante lei do arrendamento, as quais desencorajam ainda mais o investimento. Se os políticos criassem leis que facilitasse o investimento com um sistema de fisco justo e humano, não precisávamos de termos chegado ao ponto que chegamos, mas como a ignorância os cega ao ponto de espremerem o povo que não tem culpa nenhuma, acabarão todos obrigatoriamente por serem igualmente pobres…! Duvido que se possa tirar sangue duma pedra… mas ao que parece é essa a mentalidade da Máfia legal em Portugal.
5 comentários:
Escrevo este artigo como resposta as vossas ideias e questões, do artigo anterior, muito em especial ao Valdemar dos confins...
HAPPY NEW YEAR.
Mais uma excelente lição, Amigo Leiria, gostei em especial da parte que toca aos Beirões, porque trabalhei com um, tinha eu os meus catorze ou quinze anos como padeiro, e tinha lá um colega com mais quatro ou cinco anos que eu, mas ambos ganhávamos uma miséria, aquilo era com «comida e cama», e no fim do mês davam-nos uns tostões, e não é que o tal colega conseguia desse pouco fazer face ás suas despesas e ainda mandar dinheiro para casa? era este colega natural da Covilhã, também na Marinha tive conhecimento de casos em que recebiam aquela fortuna de sessenta escudos na recruta e depois cento e vinte, e também nesse caso havia alguns a mandar dinheiro para os Pais, sempre me admirei destes casos porque para mim foi sempre escasso o dinheiro ganho nestes períodos da minha vida, e até me interrogava porque não conseguia fazer o mesmo, hoje encontrei a explicação, tratam o dinheiro com mais parcimónia que eu.
Continuação de Feliz Natal
Um abraço
Virgílio
De uma maneira ou outra nós "os emigrantes" iremos TÊR SEMPRE PORTUGAL NO CORAÇÃO, mesmo os que decidiram não mais voltar!... Sêr português para mim é manter as nossas tradições e a nossa cultura (estejamos lá onde estivérmos) e no nosso caso especial, que tivémos o privilégio de envergar o uniforme da Gloriosa Marinha de Guerra, os símbolos nacionais estarão sempre bem presentes na nossa mente!... Chegando á conclusão, que depois de estes anos todos mesmo longe da Pátria, podemos continuar a sêr portugueses!... Havendo já quem escrevesse que a língua portuguesa representa a razão de sêr da nossa nacionalidade, sendo ela que representa a nossa força cultural e através dela que nos faz recordar aquilo que somos e pretendemos sêr... Sendo assim, até na entrada da minha casa tenho um letreiro que diz "A CASA"... Uma casa portuguesa concerteza, que como eu, irá continuar a sêr portuguesa... ATÉ À MORTE!
Valdemar Alves
Como curiosidade... cada vez que morre aqui um português é costume pôr-se a bandeira nacional em cima do caixão... quer o defunto tenha a dupla nacionalidade ou não.
Valdemar Alves
Quanto à Lei do Arrendamento... Para mim é um atropêlo aos Direitos Humanos (Direito à Propriedade) e já me lembrei de colocar um cartaz em frente do Consulado Português em Sydney... De vez em quando aparece aqui um enviado de São Bento a pedir-nos para investir em Portugal mas entretanto não há lá ninguém que pare com esta vergonha nacional... Fazer de Segurança Social não compete exactamente aos emigrantes, que ainda por cima têem que pagar para manter lá os inquilinos. Pessoalmente tenho o problema comigo e creio que este roubo legalizado pelo Estado Novo e mantido até aos dias de hoje... SÓ TRARÁ MÁS CONSEQUÊNCIAS PARA PORTUGAL E PARA OS PORTUGUESES!
Valdemar Alves
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