Nota minha: Vou escrevendo estas peripécias mas em jeito de crónica, porque como já lá vai uma infinidade de anos, torna-se impossível lembrar tudo a pormenor. Desta forma vai-se dando uma pincelada aqui, outra ali, uma pitada de picante mais além, e, com um pouco de humor misturado etc., e tal. Deste jeito, a coisa tornar-se-á mais interessante! Logo haja, claro, além dos senhores dos blogues, alguns escolas que venham a ler, então poderei dizer:”VALEU A PENA!”
(Foto do Google Earth da Escola de Fuzileiros com o local proibido - a caserna por detrás do refeitório)
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Regressado de Moçambique fico adido em Vale de Zebro por uns tempos, até que mais tarde, passo para o Corpo de Marinheiros à espera da despedida final da tão nobre Briosa! Tive porém a oportunidade, em Vale de Zebro, de ter conhecido e convivido, e de que maneira, com alguns escolas muito mais novos claro. Certo fim-de-semana havia festas na Moita, combinamos ir até lá, e, lá fomos. Dos meus três colegas, um era conhecido pelo homem das mulheres - tipo Dom Juan - sem espécie de acanhamento algum para com o sexo oposto: por sinal este “engatatão” até era natural da área. Como é óbvio, os nossos intentos foram alcançados, ao conseguir-se uma beldade que nos deleitou a todos! Poderei até dizer que se não fosse a falta dos seus bons predicados morais; era moça de levar qualquer um de nós ao altar! Se era! Novinha, bonitinha, atraente e com “appeal” sexual de se lhe tirar o chapéu!
Não é que um dos escolas teve a genial ideia de a levarmos para a Escola de Fuzileiros, com o que ela concordou logo que a ideia lhe foi proposta. A partir daí, planos próprios de fuzileiros houveram de ser estudados para uma melhor elaboração. Estávamos mais do que conscientes, que tudo o que fizéssemos a partir dali, seria uma pura ilegalidade. Mas fuzileiro não tem medo! A noite já ia a meio, começamos por furar a vedação que cerca a mata, longe do portão principal, claro, e juntos fomos caminhando pé ente pé a sós pela mata adentro, evitando sempre os que estavam de vigia até chegarmos à caserna, que na altura era por detrás do refeitório. Um dos escolas foi à frente verificar se alguém estava acordado na caserna, ao regressar disse que todo o mundo ressonava. Como a beldade estava de sapatos altos, o Dom Juan pega nela às costas e leva-a caserna adentro, subindo os 2 ou 3 degraus ao fundo, que davam para os balneários, logo ao entrarmos, a porta da casa dos materiais de limpeza ficava à direita, escolhida esta como guarida de estadia, sem que renda fosse à menina exigida. Sei que um deles teve o acesso à chave dessa porta, a qual foi aberta para lá ser colocada tão apetitosa donzela. Caminha foi improvisada, comida arranjada etc., etc. Ocorre-me agora à ideia a história do Raul Solnado que diz que: na sua guerra fez prisioneiros, mas que eles não quiseram vir. Contudo, nós na nossa guerra, não fizemos prisioneira – mas ela quis vir! Tratadinha como uma princesa; bifes dos melhores, bacalhau do grosso, peixe bem cozidinho e tudo mais! De forma alguma poderíamos descurar uma boa alimentação a tão valiosa donzela. Foram cinco dias de delícia, onde a colaboração máxima reinava, com o lema do: "agora viro eu, depois viras tu..." Quando chegava a hora do banhinho, ia um de nós com a mimosa para dentro do chuveiro, "virando" e cantarolando, para evitar possíveis desconfianças. No último dia da estadia, de tão majestosa garota, o plano teve que ser elaborado no seu inverso, tendo sido levada exactamente ao local onde ela se fez auto-prisioneira. Embora tudo tivesse corrido com o máximo de sucesso, não deixou de haver murmúrios de que havia fêmea por ali. Contudo, era do nosso conhecimento; que havia sempre lugar no forte de Elvas para todos nós e mais alguns, todavia, optamos por cobrir todos os vestígios do álibi, de tão delicioso crime! Tudo isto, amigos:
“É UM RELEMBRAR VIVO DE TÃO SAUDOSA VIVÊNCIA”.
Sem dúvidas foram - belos tempos - que jamais se esquecerão!
Escreveu.
Leiria (15683)
PS: Esta peripécia foi trazida, como já vou fazendo a algum tempo do blogue da CN2F, dei-lhe os toques apropriados, penso, e lará! Cá está para observação da plateia.
7 comentários:
Sim Senhora mas que bela história. Que dirá o Valdemar Alves a tudo isto?
De Santos como nós deve estar o Inferno cheio. Será que ainda lá iremos ter lugar.
Foi fruto bem aproveitado no tempo.
Recordar é mesmo viver duas vezes.
Não é verdade Artur?
Como podes ver Virgilio foi tudo uma questão de sorte.
Um bom fim de semana para todos.
Mas que ganda história!... Lembro-me realmente de haver uma "porta do cavalo" atráz do refeitório, mas no meu tempo tinhamos ainda outra "emergency exit" situada ao lado da caserna dos voluntários, que ficava da parte de cima e junto à vedação... Realmente foi preciso coragem e mérito militar para introduzir sorrateiramente uma gaja no quartel (um verdadeiro golpe de mão) e ainda por cima enfiá-la "no store room"... Sim, porque naquela altura ATENÇÃO tinhamos o olfacto tão apurado que quase era impossível andar uma fêmea nas redondezas das casernas e ninguém dar por ela... Ainda bem que a coisa não deu estrilho e a moça já não tinha "os números" (3) porque senão lá ía o Artur Sousa excomungado para Elvas e pior ainda... FICAVA COM A CADERNÊTA SEM PÁGINAS!
Valdemar Alves
Ao pé disto fui um Menino de coro, e saí corrido com um chuto no traseiro, e com o peso de 175 dias de detenção ás costas, vejam lá se como o Valdemar diz, não fui um azarado.
Um abraço
Virgílio
Eu fui o mais azarado, porque estando de cabo da guarda ao portão principal, em vez da minha vir ter comigo, fui eu à quinta da lomba ter com ela, fui visto de camuflado a saír do geep do cabo de rancho, ao chegar à Escola, tinha ordens para me apresentar ao oficial-dia, conclusão,(oito dias de prisão)e agora vais para casa porque os Fuzileiros não admitem essas aventuras, e é por isso que ainda hoje gosto dos Fuzileiros, até na prisão fui bem tratado!
A história eu já conhecia, mas fiquei a olhar para a fotografia com algum espanto.
Esta EF não tem qualquer semelhança com a do nosso tempo.
Atrás da caserna que o Leiria refere e até Coina, não havia mais edifício nenhum e agora está cheio deles.
E o novo refeitório e as casernas do «Bairro Alto», do outro lado do "Malagueiro" também já lá não estão. E a Parada onde antigamente era o nosso campo de futebol e mais o Edifício do Comando no lugar da baliza.
Que grande mudança!!!
Temos que lá ir para confirmar pá.
O fuzileiro não tem medo,
Leva donzela para o quartel
Qual, dela, se serviu primeiro
Vale de Zebro não era bordel.
Esta crónica engraçada,
Quem seria o inventor
Em Vale de Zebro foi passada
Contada com muito humor.
Artur (Leiria) a escreveu,
Marinheiro, pela Pátria, lutador
Ainda pensa no que aconteceu
Por ser honesto merece louvor.
A donzela escondeu,
Para não ser encontrada
Porque o medo perdeu
E fez jeito à rapaziada.
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