domingo, 20 de novembro de 2011

Pedreiro Português - Verídico










Nota minha.
Lembro-me de há anos atrás ter lido esta peripécia num jornal cá do burgo, a qual me fez rir às bandeiras despregadas! Ao relê-lo hoje, desprendeu-me a vontade de mais uma boa risada...  

Após ler o relatório, a Seguradora pagou o seguro.
Abaixo está a explicação de um operário português, acidentado no trabalho, à sua Cia. Seguradora. A Cia. de Seguros havia estranhado tantas fracturas, e em uma só pessoa num mesmo acidente.
Chamo a atenção para o facto de que se trata de um caso verídico, cuja transcrição foi obtida por meio de cópia dos arquivos da Cia. Seguradora envolvida.
O caso foi julgado no Tribunal da Comarca de Cascais - Lisboa - Portugal.


À Cia. Seguradora.

Exmos. Senhores,
Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais,  esclareço:

No quesito nº 3 da comunicação do sinistro mencionei: 'tentando fazer o trabalho sozinho' como causa do meu acidente.
Em vossa carta V. Suas. me pedem uma explicação mais pormenorizada.

Pelo que espero sejam suficientes os seguintes detalhes:
Sou assentador de tijolos e no dia do acidente estava a trabalhar sozinho num telhado de um prédio de 6 (seis) andares. Ao terminar meu trabalho, verifiquei que havia sobrado 250 kg de tijolos.
Em vez de levá-los à mão para baixo (o que seria uma asneira), decidi colocá-los dentro de um barril e, com ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada em um dos lados do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-los até o térreo.
Desci até o térreo, amarrei o barril com uma corda e subi para o sexto andar, de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior.
Retornei em seguida para o térreo, desatei a corda e segurei-a com força para que os tijolos (250kg) descessem lentamente.
Surpreendentemente, senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo minha característica presença de espírito, esqueci-me de largar a corda... Acho desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. 
Nas proximidades do terceiro andar dei de cara com o barril que vinha a descer. Ficam, pois, explicadas as fracturas do crânio e das clavículas.
Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, somente parando quando os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente, nesse momento já recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores, agarrar a corda.
Simultaneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, partindo seu fundo. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25 kg.
Como podem imaginar, comecei a cair vertiginosamente, agarrado à corda, sendo que, próximo ao terceiro andar, quem encontrei? Ora pois, o barril vinha a subir. Ficam explicadas as fracturas dos tornozelos e as lacerações das pernas. Felizmente, com a redução da velocidade de minha descida, veio minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos em baixo, pois felizmente só fracturei três vértebras.
No entanto, lamento informar que ainda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre os tijolos estava incapacitado de me levantar, porém pude finalmente soltar a corda.
O problema é que o barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima de mim fracturando-me as pernas. Espero ter fornecido as informações complementares que me haviam sido solicitadas. Esclareço que este relatório foi escrito por minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma da roldana.


Atenciosamente,


António Manuel Joaquim Soares de Coimbra 

4 comentários:

Anónimo disse...

Acredito que foi vridico... perdão, queria eu dizer VERÍDICO E TORONTO... perdão again, queria eu dizer VERÍDICO E PRONTO... HEHEHE!.... Acredito que este gajo terminou a carreira de emigrante da pior maneira TODO CHEIO DE GÊSSO... Coitado!
Valdemar Alves

Unknown disse...

"Pois felizmente só fracturei três vértebras."
Este gajo e que é um verdadeiro crente do positivismo ao expressar o referido acima. Acredita certamente que ter o copo meio cheio é uma graça em vez da desgraça do meio-vazio.
O Valdemar pelos vistos não acredita na história (!?); que importa isso se no fundo uma boa risada é o que se pretende aqui, agora e sempre.
Mas lá por isso vai um abraço na mesma para o homem de down-under.

Boas!

António Querido disse...

O SR.António Soares teve muita sorte, isso ter acontecido a um domingo, porque recebeu +100% no salário, imaginem que esse azar lhe teria acontecido a uma sexta feira dia 13, não estaria cá para contar, não se riam do pobre, que está todo partido mas tem uma enfermeira que pega na caneta por ele!
O meu abraço

Tintinaine disse...

Pediram-lhe uma descrição pormenorizada e foi o que receberam. E preferiram pagar para não terem que receber outra explicação ainda mais exaustiva.
É a velha técnica de derrotar o adversário pelo cansaço!