Nota minha: lembrei-me de trazer esta passagem verídica, que escrevi a muito tempo e que foi publicada pelo Carlos no blogue da companhia, sacudi-lhe o pó, lavei-lhe a cara, e insiro-a agora no FA, porque, quase tenho a certeza que este homem também vos deu instrução, isto passou-se em 1965, portanto tentem recordar se sim ou não conheceram tal peça?
Quem não se lembra de sua Exa., o digníssimo Sargento JAIME?
Este senhor era cá duma casta que não interessava nem ao Menino Jesus. Com certeza, que não morreu ainda porque nem o diabo o quer. Mau, velhaco, militarista, emproado, frustrado e sobretudo sem cu! A frustração deveu-se talvez, segundo rezava na altura no jornal da caserna, de ele nunca ter conseguido dar a volta à matemática nas várias tentativas dos cursos de oficiais.
Não tenho conhecimento se alguma vez o conseguiu, ou foi para a reforma como Sargento-ajudante... Nunca se lhe viu um sorriso. Agressivo na instrução e tratava todos por pá. No entanto posso dizer, que no princípio da minha recruta, eu até fui visto menos mal por seus olhos!
Certo dia na recruta, este senhor, porque achava que eu marcava passo a seu agrado, (efeitos da Mocidade Portuguesa), manda-me subir para cima dum estrado e à frente dumas centenas de rapazes, manda-me exemplificar como marcar passo, volver à direita, volver à esquerda etc., etc., para depois todos tentarem fazer como eu fiz.
Vou, e regresso de Moçambique, ao fim de dois anos e meio, como muitos de vós e, logo regressado, revejo este senhor dando instrução aos novos-escolas da mesmíssima maneira como nos deu a nós...
Certo dia, eu, mais uns escolas estávamos a fazer limpeza (porque os ingleses não iam lá fazê-la por nós), nas instalações do outro lado da rua do escritório do oficial de dia, quando vejo um pelotão a marchar por ali fora em treino. Eu, sem pensar, e porque não via do local onde estava quem ia a comandar, começo: “ um, dois, esquerdo, direito; um, dois, esquerdo, direito”; a imitar a quem ia a dar instrução. Ouvi uma voz de comando a mandar parar o pelotão e digo para comigo - “oh! oh! estou em apuros”, quando vejo tal personagem a encaminhar-se para a sala onde estávamos.
Certo dia, eu, mais uns escolas estávamos a fazer limpeza (porque os ingleses não iam lá fazê-la por nós), nas instalações do outro lado da rua do escritório do oficial de dia, quando vejo um pelotão a marchar por ali fora em treino. Eu, sem pensar, e porque não via do local onde estava quem ia a comandar, começo: “ um, dois, esquerdo, direito; um, dois, esquerdo, direito”; a imitar a quem ia a dar instrução. Ouvi uma voz de comando a mandar parar o pelotão e digo para comigo - “oh! oh! estou em apuros”, quando vejo tal personagem a encaminhar-se para a sala onde estávamos.
Entra sua Exa. o digníssimo sargento todo emproado, COM O REI NA BARRIGA e pergunta:
-“Qual de vocês é que está para aí a imitar-me?”
-“Fui eu Sr. Sargento”, respondi.
-“Você”, diz ele, “há uns tempos para cá, anda armado em espertalhão, mas olhe que apesar de ser menino bem visto aqui, mesmo com padrinhos ou não, eu ponho-o no seu lugar e mais depressa do que você pensa”.
Virou-se saiu porta fora todo emproado, MAS SEM CU!
PS: Reparem como ele aqui me tratou por você, ironicamente claro. Foi asneira o que fiz sim senhor, mas não esquecer que éramos pouco mais do que jovens irresponsáveis. Agora, segundo os bons regulamentos militares, devia chamar-me à parte e repreender-me a sós, uma vez que eu tinha uma divisa e estava com subordinados. Não acham?
“Um relembrar vivo duma saudosa vivência”! Pois recordar é viver!
Escreveu;
Leiria, 15683